Por Gisela Sartori Franco e Anette Kaminski.
O conceito Cohousing busca resgatar uma forma de morar e VIVER “de
antigamente” aliando privacidade e respeito. Nessa proposta cada morador tem o firme propósito de cuidar melhor de si, de seus vizinhos e da Natureza. Inicialmente desenvolvido na Dinamarca, no início da década de 70, atualmente é um forte movimento em vários países europeus e também nos Estados Unidos.
Um Cohousing é uma comunidade organizada de forma colaborativa, com
casas independentes onde todos os moradores têm acesso a instalações
compartilhadas e a intenção é criar oportunidades de interação entre os
vizinhos. O foco é colaborar para o bem de todos. Os moradores conhecem
bem seus vizinhos e há um forte senso de comunidade, sentimento esse que
anda escasso nas cidades e centros contemporâneos.
O Cohousing enfatiza uma comunidade solidária, intergeracional,
instalações comuns e participação de todos os membros, usando um processo de consenso para tomar decisões do dia a dia. Sua configuração pode ser urbana, suburbana ou rural e pode envolver a construção de moradias ou o aproveitamento de estruturas existentes. No Cohousing você pode ter o máximo de privacidade que preferir e o quanto de comunidade que desejar.
Na verdade, o conceito é simples: grupos de pessoas se reúnem para projetar sua própria comunidade, que inclui moradias particulares (casas ou apartamentos individuais) cada uma autossuficiente e totalmente equipada e um centro comunitário que serve todos os moradores com extensas comodidades.
Em geral, o centro comunitário costuma acomodar uma grande cozinha e
refeitório (para refeições periódicas em grupo), espaços em comum para
reuniões, sala para crianças, co-working, biblioteca, lavanderia, áreas de
recreação (internas e externas) e até suítes para visitantes e hóspedes. Os
membros decidirão o que mais pode ser incluído, de acordo com suas
necessidades, prioridades e focos de ação junto à comunidade.
Além de o projeto arquitetônico priorizar espaços de convivência em comum, o conceito de sustentabilidade também é central ao Cohousing e muitas comunidades contam com práticas de compostagem e hortas, além de práticas construtivas que valorizam a eficiência energética e o uso racional dos recursos naturais. Os carros costumam ser mantidos fora das áreas em comum, garantindo segurança às crianças e idosos. O Cohousing também é ancorado na economia colaborativa, na qual o compartilhamento aumenta a eficiência e reduz o desperdício.
A governança do Cohousing (políticas desde a frequência das refeições em
comum até a alocação do caixa financeiro) acontece através do envolvimento dos moradores – que podem formar comitês específicos de acordo com seus próprios interesses e habilidades – e as decisões são tomadas por consenso e não por maioria de votos. A tomada de decisões por consenso requer que todas as vozes sejam ouvidas e cria mais adesão à decisão final. Consenso não é necessariamente unanimidade. Uma decisão de consenso é aquela com a qual todos podem conviver – e pode incluir modificações feitas por aqueles que não concordaram com a proposta original.
Para a formação de um Cohousing a diversidade é a palavra-chave. Pessoas
de diferentes faixas etárias e diversas composições familiares, raças, gêneros, orientações sexuais, culturais e espirituais. Por exemplo; famílias buscando ambientes de apoio para criarem filhos, pessoas solteiras que almejam por senso de comunidade, pessoas ambientalmente conscientes que querem reduzir suas pegadas através da vida colaborativa até as mais velhas procurando evitar o isolamento social.
CARACTERÍSTICAS DO COHOUSING
- Processos participativos: os futuros moradores participam do projeto e desenvolvimento da comunidade para que esta atenda às suas necessidades;
- Layout físico: o projeto arquitetônico estimula o senso de comunidade e espaços abertos para compartilhamento. O centro comunitário está localizado no epicentro do terreno, de modo que é fácil passar pelo caminho de casa;
- Instalações comuns: projetadas para uso diário são parte integral da
comunidade e complementam as moradias particulares; - Governança: o Cohousing é administrado por seus residentes. Os moradores também fazem a maior parte do trabalho necessário para manter a propriedade, participam da preparação de refeições comuns e se reúnem regularmente para desenvolver políticas e solucionar problemas para a comunidade;
- Estrutura não hierárquica: há papéis de liderança, mas nenhuma pessoa exerce autoridade sobre os outros. As responsabilidades são compartilhadas, assim como os direitos e obrigações.
BENEFÍCIOS DO COHOUSING
O grande valor de morar em um Cohousing está atrelado a você conhecer seus vizinhos e criar relações de confiança. O Cohousing oferece comunidade como contra ponto a separação, individualismo e até solidão. Isso no dia-a-dia é materializado de várias maneiras: compartilhar o cuidado de crianças de mães e pais solteiros, apoiar quando um cônjuge falece até cuidar da sua casa quando você for viajar, entre outras várias formas.
O Cohousing, como solução habitacional, não é para todos. Você tem que
estar disposto a trabalhar com os outros, comprometer-se e,
especialmente, ouvir uns aos outros, às vezes durante longas reuniões. Parece fácil, porém, requer ruptura com a cultura individualista onde, se você não gosta de algo, simplesmente vai embora.
A oferta de comunidade – bem como a privacidade – do Cohousing oferece
uma saída para os padrões habitacionais solitários e insustentáveis. O forte
senso de comunidade oferecido pelo Cohousing é um antidoto para o
isolamento que por muito tempo têm sido a norma na vida brasileira. Esforços e investimentos comunitários economizam dinheiro e melhoram a qualidade de vida. Dessa maneira, comunidades unidas, como o Cohousing, tendem a ser seguras e saudáveis.
INICIATIVAS BRASILEIRAS DE COHOUSING
No Brasil o movimento de Cohousig surge mais forte a partir de 2013, com a
Arquiteta Lilian Avivia Lubochinski. Conheça mais no
(https://www.facebook.com/CohousingBrasil). Desde então surgem iniciativas de formação de grupos em várias capitais do Br ou em cidades do interior.
Podemos citar algumas como:
– Vila Conviver em Campinas – http://www.vilaconviver.org.br/
– Tribo Paulistana na capital SP
https://www.facebook.com/COHOUSING SAMPA – Co_Lares
– Co-Lares no Mar em Bertioga litoral de SP
https://www.facebook.com/colaresnomar/
– Aldeia Girassol em BH https://www.facebook.com/Cohousingbh/
Outras tantas iniciativas no
– Riode Janeiro http://www.facebook.com/cohousingriodejaneiroco-Lares
– Curitiba/PR – https://www.facebook.com/cohousingcuritiba
– Cuiabá/MT – https://www.facebook.com/cohousing.cuiaba.7
UM EXEMPLO DE COHOUSING
Desde 2018 um grupo de pessoas afinadas a essa proposta trabalha para construir o CO-LARES NO MAR. Co-Lares no Mar http://www.colaresnomar.com é
um projeto de Comunidade Intencional, Intergeracional em fase de planejamento e será implementado no município Bertioga – localizado a 110 km de São Paulo e a 48 km de Santos.
Essa proposta de Cohousing contempla convívio social e participativo, relações de confiança com os vizinhos, economia colaborativa, práticas ambientais sustentáveis, processos de autogestão, design ambientalmente harmônico para enfatizar o contato entre os moradores e os espaços comuns abertos.
Um ponto importante da nessa proposta é criar oportunidades de engajamento com a comunidade do entorno através de serviços, projetos sociais e culturais que fortaleçam a cidadania de todos.
Essa proposta de morada compartilhada responde às necessidades básicas de muitas das famílias e pessoas de hoje – ambiente seguro, atendimento
compartilhado a crianças, adultos e idosos, facilidades para nos aproximar uns dos outros, da Natureza e eficiência econômica. O grupo acredita ser esse o caminho mais harmônico, satisfatório e coerente que todos nós estamos precisando VIVER!
Para mais informações sobre o tema ou entrar em contato com esse grupo
colaresnomar@gmail.com.